Muita gente até hoje não se conforma com o fim dos tradicionais campos de várzea que existiam entre as avenidas Pedro Lessa e Epitácio Pessoa. Para os antigos, a eliminação deles marcou o fim de uma época, o fim do futebol varzeano de Santos.Dava gosto ver a moçada se arrebentar no campo e lutar até o último minuto pela vitória do time. Ninguém se importava com tombos ou de sair meio torto do campo, nariz doendo e sangrando. Ganhar representava a recompensa por todo o esforço.Quantos times de futebol não surgiram em função dos campos de Aparecida? Numa listagem preliminar podem ser incluídos nada menos que 14: XI Santista, União Brasil, São Paulo, Flórida, Botafogo, Toca da Onça, Vasco da Gama, 5ª Seção, Cruz de Malta, Vila Santista, Jaú, Entreposto, Esporte Clube Marinheiros e Ipiranga.Os clubes proliferavam, apesar do dinheiro sempre curto e da dificuldade para se comprar jogos de camisa ou pares de chuteira. Futebol sofrido, não resta dúvida, mas que revelou muitos craques, como Gilmar, Pepe, Baltazar, Cláudio e Clodoaldo.Sempre que o Esporte Clube XI Santista enfrentava o Flórida Futebol Clube podia contar que a casa ficava cheia. Não dava menos de três mil pessoas dispostas a assistir e torcer para valer. Mas, justamente onde ficava o campo do XI Santista foi edificado o Conjunto Martins Fontes, com seus 33 prédios e 1.180 apartamentos. Aliás, o conjunto ocupou o espaço daquele e de outros sete campos, sempre muito concorridos aos sábados e domingos, quando havia disputas entre times infantis, aspirantes e principais. Eram ao todo umas duas mil pessoas praticando futebol nos fins de semana. E muitas mil assistindo.Futebol era coisa sagrada para o pessoal de Aparecida, obrigado agora a se conformar com os três únicos campos de várzea remanescentes no amplo terreno do INPS, existente ao lado do Conjunto Castelo Branco. E a ameaça de extinção desses últimos vem deixando os futebolistas muito chateados: todos sabem que, mais cedo ou mais tarde, o INPS requisitará a área para ampliar instalações, pondo um fim à alegria de muita gente.Brasil e Santa Cecília, tradição que restou - Dos famosos times de futebol de outros tempos, restou em Aparecida o Brasil Futebol Clube, que foi fundado em 1913 e há anos está instalado na Rua Jurubatuba, 80. Esse conseguiu se firmar, mantém o campo, mas procurou diversificar atividades e oferece como opção para os associados a prática de judô, atletismo e natação, sem contar as aulas de balé e a possibilidade de integração em equipes de pontobol, dominó, buraco e futebol de salão.O Clube Atlético Santa Cecília também é tradicional no bairro. Em outros tempos, seus jogadores emocionaram a torcida com jogadas próprias de grandes craques. Mas, sem campo desde 1969, o Santa Cecília desligou-se do futebol.Mesmo sem oferecer esse esporte que cativa tanta gente, o Santa Cecília se destaca como um dos maiores clubes pequenos de Santos. Os bailes que promove são dos mais concorridos, e aos sábados o espaço fica pequeno demais para tanta gente.O presidente Lorival da Silva Ornelas, o Lori, não esconde o orgulho quando fala sobre as obras de expansão e os planos da diretoria. O novo prédio da Rua Alfaia Rodrigues, 279, terá capacidade para umas quatro ou cinco mil pessoas, e lá serão realizados shows, sambão e outras promoções do tipo. Há planos até de se fundar um bloco para desfilar na "Dona Dorotéia". Pois é: o Santa Cecília quer se firmar como um clube para ninguém botar defeito.
Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0100b18b.htm
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