quarta-feira, 14 de junho de 2017

Os prédios se multiplicam, o trânsito é intenso e a praia conserva a beleza



Num oposto bem oposto mesmo está a orla da praia, tomada por enormes blocos de concreto. Até mesmo a famosa casa de pedra, na esquina da Bartolomeu de Gusmão com Rua General Rondon, vai desaparecer para dar lugar a um edifício.

Com o fim dessa casa, perde-se um pouco da história de Aparecida. Afinal, ela está ali desde 1940 e sempre chamou a atenção, não só por ser toda construída com pedras (um caprichoso trabalho de espanhóis), mas por ter um enorme quintal sempre invadido por pássaros todo fim de tarde. Isso, é claro, num tempo em que os pássaros de Santos não tinham sucumbido, vítimas do progresso.

A venda da casa é irreversível, segundo um dos filhos do casal Varella. E, logicamente, ninguém comprará um casarão enorme como aquele para morar. Não há como duvidar de sua demolição e, diante disso, o Bairro de Aparecida perde aos poucos a característica de ser um dos que conserva um bom número de imóveis baixos de frente para o mar. Pode-se dizer que há um branco entre as fileiras de prédios, dado pelos casarões de número 100, 105 e 106, escolas Ablas Filho e Escolástica Rosa, mansão da família Caldeira e Igreja do Sagrado Coração de Jesus.

A praia lembra lazer, descontração e, portanto, se distingue muito da outra parte do bairro, onde circulam operários suados e cansados. As crianças ficam guardadas a sete chaves nos apartamentos e só saem em companhia da mãe, porque é preciso muita astúcia para enfrentar o trânsito louco de veículos das imediações.

O movimento de pessoas só se iguala ao de veículos em dias de muito sol, quando a praia fica lotada. Lotada e com um colorido especial, devido à mistura das cores dos biquínis, guarda-sóis, camisas, shorts e o próprio bronzeado da pele. Nas manhãs e tardes ensolaradas, o mar tão escuro e poluído ganha uma beleza especial ao refletir a luz.



No mundo dos conjuntos, muito concreto e falta de lazer orientado - E o que se dizer dos conjuntos habitacionais, que nada têm a ver com uma parte ou outra do bairro? Situados numa faixa intermediária, os quatro conjuntos (do antigo IAPI, Brasil III, Castelo Branco e Martins Fontes) praticamente separam a parte chique da parte operária de Aparecida.

Os blocos de pedra se aglomeram em poucas ruas e dão uma idéia clara do que se convencionou chamar de selva de pedras. O pior é que com o tempo esses prédios ficaram encardidos (com exceção do Martins Fontes, recentemente inaugurado), e proporcionam uma visão nada bonita.

Crianças não faltam e, como nas ruas internas quase não há circulação de carros, elas fazem delas o quintal que não têm. E, assim, tentam suprir a falta de áreas de lazer e de um centro comunitário devidamente equipado para atender a tão grande número de pessoas.

No Conjunto Castelo Branco (objeto de ampla matéria no dia 1º de julho (SIC: data correta é 8/7/1982), como parte da série Conheça o seu Bairro), a luta por um centro comunitário se estende há 11 longos anos. O pessoal do Martins Fontes busca outro tipo de alternativa e vem programando jogos e brincadeiras entre os diferentes condomínios, ocupando dependências da Escola Olga Coury. A luta maior deles é outra: pelo asfaltamento da Vergueiro Steidel, entre a Alexandre Martins e Almirante Cócrane, e da Antenor Bué, entre Avenida Pedro Lessa e Rua Frei Francisco Sampaio.

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